quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Dos tiros nos pés e dos de pólvora seca...

Antes de tudo gostaria de saudar a iniciativa de (re) abrir este espaço de discussão antibolista no exato dia que marca o fecho do período mais antiboleiro de toda a época futebolástica. Tarde demais, dirão uns, que viram partir as suas principais aves de rapinar as áreas adversárias; cedo demais dirão outros, ou até os mesmo, face à incapacidade dos respectivos clubes assegurarem alternativas válidas na frente de ataque a tempo e horas. Pessoalmente, não posso deixar de sentir que o(s) mercado(s) da bola fecha(m) um mês depois do tempo, tornando o malfadado mês de Agosto numa novela antiboleira da pior espécie, tendo como protagonistas empresários, fundos e outros vampiros, desligados da prática do pontapé no esférico, numa altura em que a competição já é à séria e com importantes troféus em disputa. O mexilhão, neste caso os treinadores e o peixe miúdo dos praticantes vivem assim um mês de permanente sobressalto, sem saber se aquele coxo que falha golos quase certos será a sua melhor alternativa ofensiva ou se o outro, que até os marca, fará parte do plantel na semana seguinte. Os jogadores, por seu turno, tentam desinteressadamente cabecear uma bola com a cabeça a milhões de euros de distância, os que podem dar-se a esses sonhos, enquanto os outros esforçam-se por aceitar a ideia de que a Roménia, a Bélgica ou a Segunda Liga Suíça são destinos desejáveis para um jovem futebolista português.
Tudo isto foi visto, mais uma vez, na nossa querida Liga Lusa, com particular destaque mediático, como é óbvio, para as entradas e saídas nos plantéis dos 3 grandes. O Benfica, após uma já habitual catrafada de compras nos meses de Junho e Julho, elevando o número de jogadores disponíveis para níveis absurdo-ridículos, parece ter conseguido livrar-se dos excedentes com sucesso ao longo do último mês, conseguindo aquilo que parece ser um plantel mais equilibrado que nas últimas épocas, com um Witsel que promete dar que falar (e também mais alguns milhõezitos para um qualquer fundo na próxima época) e um Artur que, ao contrário do seu antecessor, não dá pontos... de bandeja! O Sporting conseguiu algo novo: ser o rei das contratações, pelo menos em quantidade! Na verdade, o entusiasmo de uma aparente nova atitude, ambiciosa e renovada, ilustrada pela contratação de um jovem treinador português de sucesso (esse mesmo que já festejou um título em Alvalade, marcando o golo da vitória azul e branca que retirou o campeonato de 1994/95 ao Sporting, de forma definitiva) e de promissores jogadores estrangeiros (a famosa cantera, afinal, parece já ter exportado os seus melhores frutos, mesmo que podres), esbarrou numa apresentação ao sócios com goleada sofrida e um arranque de campeonato aos tropeções, mesmo que com uma mãozinha xistrense. Alvalade parece continuar a ser um terreno aziago para o Sporting, ao que também não serão estranhos os lenços brancos e a massa assobiativa, sempre prontos a pressionar a equipa quando aos 10 minutos o marcador regista ainda um nulo. Já o meu querido FC Porto, depois de assegurar um reforço de última hora (segundo Antero Henrique, diretor-geral da SAD azul e branca em entrevista ao jornal O Jogo, esse reforço foi Álvaro Pereira), parece apostado em colecionar defesas laterais, depois de um investimento de 21 milhões em dois jovens brasileiros (futuros craques, diz-se!), um deles já chegado com lesão e outro, o mais caro, que só chegará em Janeiro, para fazerem companhia a Fucile, Emídio Rafael (que é português, coitado!), Sapunaru e o tal Álvaro Pereira que, aparentemente, irá ser o novo homem-golo do Dragão... os adeptos portistas mal podem esperar para vê-lo a voar como o Jardel sobre os centrais. Depois da saída do timoneiro André Libras-Boas, a nova época começou, desde cedo, a parecer menos auspiciosa para os campeões nacionais, com todo o peso de uma temporada de sonho nas costas do inexperiente e pouco carismático Vítor Pereira. Porém, a estabilidade no plantel, que se manteve até Agosto, parecia dar boas garantias de continuidade. Foi então que a SAD portista resolver começar a imitar os modelos de gestão desportiva da capital, decapitando a equipa com a venda milionária do Falcao, juntando um Ruben Micael das Quinas ao pack, para dar a entender que os 5 milhões até foram um bom negócio e mostrando-se incapaz de contratar uma alternativa de ataque sem que o russo pagasse os 30 milhões exigidos pelo Álvaro. Além desse, Christian Rodriguez, Fernando e Beto, candidatos à saída, ficaram sem colocação por falta de comprador, estragando, provavelmente, as contas mais douradas dos administradores. Apesar de tudo, a forma honrada e competitiva com que o Porto fez frente ao Super-Barça deixa perceber que a qualidade do plantel continua elevada, embora também tenha sido evidente a falta que faz a ponta de uma lança...
Por último, gostaria de fazer uma referência aos rivais do Minho. O de Guimarães, com um plantel interessante, começou da pior maneira possível: só derrotas, humilhações, perda de treinador (adivinhava-se a saída do Machado, que há muito parecia estar desenquadrado e desapoiado no clube... além de começar a sentir-se alguma inadaptação aos novos modelos de jogo e forma de estar no futebol), comportamentos selvagens de alguns adeptos, dando mostras a todo o país do pior da vimaranensidade e contribuindo para a descredibilização do clube e da cidade. Rui Vitória, como o próprio nome indica, parece estar no lugar certo, embora talvez na hora errada. Agrada-me este treinador, da nova fornada de bons técnicos portugueses, com ambição e um discurso positivo, tal como o seu estilo de jogo... mas não terá uma tarefa fácil tendo em conta o momento de instabilidade que o clube atravessa. Quanto ao Braga, discretamente, construiu de novo uma boa equipa, tem um bom treinador e, mais uma vez, promete intrometer-se nas lutas dos grandes. Porém, não posso deixar de referir a perda de um dos grandes valores de futuro do futebol português, um diamante por lapidar, de seu nome Pizzi. Como é possível que este jogador não tenha tido oportunidades no seu clube e que nenhum dos grandes seja capaz de ver o jogador que ali está? Viu-o o Atlético de Madrid, que, pelos vistos, tem visto muito em Portugal... enquanto nós, mais uma vez, vemos uma pérola ir embora sem ter reais oportunidades no campeonato português!

Menos dois


(...)

Chega um gajo do desbaste Norte Sul da Tuga by bus que se sabe para volver Algarbz (hoje até com direito a perder a intentada ligação, pelo que vindo mai tarde e via Fátima (to Lx)), no que também significou estar off-net e quê, pois que aos entretantos ligada a dica em linha na habitual multitarefa de fundo, eis que a passagem pelo maisfutebol me larga umas bombas no colo, que título e imagem indexam a Helder Postiga e Ricardo Carvalho. Menos dois, um no Sporting, outro na selecção. Um vai para o Saragoça por 1 milhão de choiras que dão 500 mil para o Sporting e 500 mil para o Porto, o outro, sentindo-se desrespeitado, abandona o filme da selecção.
Ora, vamos por partes? Qual, não há contemplações, é fecho de mercado e é sempre a aviar, não fosse o pédebola antro capitalista de eleição (ahahah, votam os sócios!). Menos dois, dizia, mas apesar do destaque efectuado (sobre o qual espero que alguém escreva como deve ser, que para já só se especula), os "menos dois" titulares (eh!) não são Helder Postiga e Ricardo Carvalho, mas Helder Postiga e Yannick Djaló, as alienações de última hora do Sporting. De Postiga já se disse ter partido para Saragoça. Djaló, por sua parte, de-parte para Nice, ou 75% do seu 'passe' e os 'direitos desportivos'. E que quer isto dizer em termos de Sporting?
Em termos de Sporting atesta-se a evidência imposição internacional dos 4x4 contratados (ou há mais?, é quase meia noite) no descartar de dois internacionais nacionais que até vinham sendo...titulares. Assobiadissimos, é certo, mas lá, cá, ao contrário de recém chegados galhos que nem de estaca nem semeados, só memo plantados na área. Assobiadíssimos porque tidos, afinal, por mais responsáveis que os outros, recolecção oblige. Dizia alguém comentando o cenas no maisfutebol que se olha para o Djaló e parece o puto de 18-9 em potencial a lapidar - e já tem 25. Bate bué, ya, acredito/sei/lo siento, tal geracional considerando - e de repente também é de nós que se trata, desgarrados de uma equipa que só faria sentido se capitaneada por Marat - e sem Polga.
Podemos e devemos dizer muito mais, de resto, que o Sporting ter ficado sem metade do seu contingente na Tuga de Paulo Bento, que sabemos agora ter sido privada do seu melhor central, mas já certo adiantado horário, meia noite na Trofa e em Portimóços, o Sporting de Domingos é o Sporting de Duque e Freitas (com Godinho, a Troika lá do sítio), sem Tostiga (alto falso ponta-de-lança despachado porque considerado 'real'), sem Djaló (não eras tu que o ias valorizar deveras, Domingos?), sem Salomão, sem Wilson, sem Zezinho, sem Gonçalves...